Diante da pandemia, as grandes marcas do mercado de luxo tiveram que se reposicionar e fizeram diferentes tipos de ações para auxiliar no combate ao Covid-19. Elas, além de mudarem a sua comunicação e fazerem doações monetárias, estruturaram suas fábricas para a produção de itens fundamentais.
As primeiras grandes marcas que anunciaram a alteração de suas plantas fabris para produzir uniformes médicos e máscaras na Itália foram Gucci, Armani, Valentino, Prada, Salvatore Ferragamo, Fendi e Miroglio.
O grupo Armani também foi um dos primeiros a entender os perigos e as formas de transmissão do Covid-19 e, por isso, além de alterar toda a sua linha de produção para confeccionar macacão de proteção, decidiu fazer seu desfile sem público para evitar aglomerações na Fashion Week de Milão em fevereiro de 2020.
A produção dos perfumes mais caros do mundo foi interrompida para dar espaço a tonéis de álcool em gel. O grupo francês LVMH direcionou três de suas maiores fábricas de perfume, as instalações de fragrâncias e cosméticos da Christian Dior, Guerlain e Givenchy, à produção de álcool em gel – artigo de primeira necessidade – para ser entregue gratuitamente às autoridades sanitárias francesas.
Outra medida adotada pelo bilionário Bernard Arnault, atual presidente e diretor executivo da LVMH, foi a encomenda de 40 milhões de máscaras de um fabricante chinês para abastecer o sistema de saúde francês. E a Kering, principal rival do grupo de luxo da França, produziu e doou 1,1 milhão de máscaras e 55 mil aventais para a Itália.
Apesar do auxílio das grandes marcas da moda, a produção de equipamentos médicos maiores exige parcerias ainda mais elaboradas. Foi neste momento que as indústrias automobilística e aeronáutica foram convocadas.
O principal fabricante mundial de respiradores artificiais – máquina fundamental no tratamento de pessoas acometidas de forma grave pela doença – é o grupo suíço Hamilton Medical. Com capacidade de produzir 220 aparelhos por semana, se organizaram para dobrar esse número, entretanto essa quantidade está longe de atender à demanda.
Por isso, empresas como Airbus, Ford, Rolls Royce, Siemens e Mercedes Benz mudaram suas fábricas e ampliaram as junções com fornecedores de peças para produzir este equipamento.
No Brasil, a fábrica da Mercedes Benz foi a primeira a se estruturar para a produção de respiradores de baixo custo. Em parceria com Bosch, Toyota, GM, Flex e ABB, a Mercedes-Benz participou do projeto que aumentou rapidamente a produção de respiradores da KTK, instalada em São Bernardo do Campo. Antes de receber o apoio técnico das empresas do setor automotivo, eram produzidos apenas de três a cinco aparelhos por dia. Agora, essa capacidade diária saltou para 70 ventiladores.
Além da alta demanda de ventiladores (a KTK já recebeu pedido para fornecer 3 mil unidades ao SUS), há uma grande necessidade de conserto dos respiradores que estão parados por falta de manutenção. Segundo a Associação Catarinense de Medicina e a Lifeshub Analytics, estimam-se 3600 respiradores encostados por falta de manutenção. E, com o aumento da pandemia, muitos aparelhos deverão ser revisados devido ao uso intenso.
Tendo isso em vista, o Senai fez uma parceria com onze empresas - Arcelor Mittal, Fiat, Ford, GM, Honda, Jaguar, Land Rover, Renault, Scania, Toyota e Vale - para recolher e organizar este material, auxiliando a manter o sistema de saúde em funcionamento.
A partir dos casos citados, é possível perceber como o Covid-19 ressignificou o luxo. Marcas, antes voltadas puramente para a confecção de produtos luxuosos, de alta qualidade e de preço elevado, encerraram (ou reduziram drasticamente) suas produções para substituí-las em função da saúde e em prol do coletivo.
Em tempos de pandemia, a saúde virou luxo! E a indústria do luxo, que envolve a da moda e a automotiva, foi uma das principais soluções para a escassez mundial dos itens essenciais no combate ao vírus.
- Giulia Pigatto
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