Sabemos que a busca das marcas por relevância e engajamento, seja nas redes sociais ou demais plataformas (como sites e blogs), é um processo intenso, inovador e, por vezes, gera resultados muito interessantes. Todo o investimento em conteúdo e novos pontos de contato, para criar laços cada vez mais fortes com o consumidor, visam, entre outros aspectos, gerar novos defensores de marca.
O direcionamento de conteúdo efetivo e relevante é, indiscutivelmente, um mérito dos algoritmos. Seja para uma segmentação adequada ou até para táticas de CX - tal como a personalização de interfaces, que contribuem para uma maior retenção de usuários, como redes sociais e plataformas de streaming -, os algoritmos facilitam muitos processos e contribuem para as táticas e estratégias digitais das marcas.
Apesar do grande avanço e das diversas facilitações proporcionadas pelos algoritmos, por outro lado, ele também pode criar uma bolha social, isto é, diversas filtragens são realizadas para moldar o que estamos consumindo e visualizando. Tais alterações de conteúdo ocorrem para criar um ambiente prazeroso e atrativo para o usuário e, assim, quanto mais cômodo e agradável, mais tempo passamos navegando, interagindo e consumindo.
A grande problemática da interação com este conteúdo tão restrito e “agradável” é a perda da variedade, da novidade e do desconfortável, que geralmente traz desenvolvimento e crescimento pessoais, como a questão do capital social.
O capital social se trata do conhecimento que geramos a partir das relações sociais, especialmente as novas, e todo o repertório possível de se criar a partir destas trocas. Apesar de compreendermos a importância dessa bagagem para a nossa construção humana, como discussões sobre diversidade, alternativas e tolerância, nos fechamos cada vez mais em nossos metauniversos artificiais quando estamos utilizando alguma plataforma social.
A questão aqui é: como falar do exercício do conhecimento e pluralidade, a partir de novas relações sociais, quando as plataformas de interação que usamos detém de códigos que vão no sentido contrário disso?
Não existe uma resposta pronta para isso e acredito que a tomada de consciência acerca dessa grande bolha agradável que estamos vivendo é o primeiro passo. Todo avanço tecnológico possui pontos positivos e negativos; basta entendermos como podemos usar cada um deles, contornando os problemas e não nos distanciando da humanidade.
- Victoria Teodoro
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